A segunda edição do 'Eurocities Pulse Mayors Survey', realizado entre dezembro de 2023 e fevereiro de 2024, reuniu a opinião de cerca de 100 autarcas de cidades europeias, incluindo Braga, Guimarães, Lisboa, Matosinhos e Porto. O inquérito, conduzido pela rede de cidades europeias Eurocities, teve como objetivo avaliar as principais preocupações e prioridades das cidades numa altura decisiva, com as eleições europeias à porta e uma série de desafios a serem enfrentados em diferentes áreas de governança local.
Entre os temas abordados, a ação climática emergiu, pelo segundo ano consecutivo, como a principal prioridade para mais de metade dos inquiridos, com uma percentagem superior ao dobro de qualquer outra categoria. Os presidentes de câmara destacaram os co-benefícios da transição climática para outros sectores, sublinhando o papel central das cidades em iniciativas como a renovação de edifícios e o envolvimento dos cidadãos nas medidas de adaptação às alterações climáticas. No entanto, muitos manifestaram preocupação com a falta de financiamento e de capacidade técnica a nível local para concretizar essas ambições.
A questão da habitação acessível foi outro tema de relevo. Para 54% dos presidentes de câmara, a capacidade de atender às necessidades habitacionais das populações mais vulneráveis é insuficiente, sendo este um fator de crescente preocupação no contexto eleitoral de 2024. Embora a habitação não seja uma competência direta da União Europeia, os líderes municipais destacam a necessidade de derrubar barreiras a nível comunitário para facilitar o acesso local a soluções de habitação justa e acessível.
Os desafios climáticos e habitacionais refletem a interligação entre a política local e global, com 29% dos inquiridos a sublinharem a importância de garantir o acesso a recursos hídricos, promover medidas de adaptação às temperaturas extremas e avançar em direção à neutralidade carbónica. Estes temas estão intimamente ligados a preocupações mais amplas de justiça social, mobilidade sustentável e inclusão, que continuam a dominar a agenda das cidades europeias.
O Eurocities Pulse 2024 incluiu também uma secção dedicada à inovação na governação, com mais de 85% dos presidentes a reconhecerem que, sem inovação, as suas cidades não terão recursos suficientes para responder aos desafios locais. A inovação é vista como um fator chave para enfrentar questões como as alterações climáticas, a habitação e a gestão interna das cidades.
Com estes resultados, o Eurocities Pulse oferece um retrato das tendências e desafios que moldarão a governação urbana nos próximos anos, reafirmando o papel das cidades como motores de transformação nas áreas da sustentabilidade e inclusão social, e a importância de uma governança multinível para enfrentar as crescentes desigualdades regionais.