A pandemia da COVID-19 e as medidas de prevenção e combate adotadas vieram pôr em evidência a importância dos edifícios em que trabalhamos e habitamos. Na ausência de uma vacina, a casa tornou-se a melhor defesa face ao risco de exposição ao vírus e o espaço central da vida de milhões de pessoas. Multiplicaram-se as funções e atividades que se exercem em casa e acentuaram-se como nunca as carências e desigualdades no acesso a uma habitação segura e de qualidade. Paralelamente, muitos edifícios públicos vieram revelar falta de condições que permitissem assegurar uma higienização eficaz, designadamente ao nível do arejamento natural. A tomada de consciência destas circunstâncias veio destacar a importância da qualidade do edificado para o bem-estar e saúde das populações. Também no combate às alterações climáticas e na senda da transformação para uma sociedade mais saudável, o papel dos edifícios tem vindo a ser reconhecido como crucial, sendo uma das componentes das cidades mais decisivas para assegurar a adaptação e mitigação, sobretudo no que respeita à escolha dos materiais e opções ao nível da gestão/eficiência energética.
Nesta linha, o novo Pacto Ecológico Europeu, que procura dar resposta aos desafios climáticos e ambientais e, simultaneamente, promover o crescimento e transformar a União Europeia no sentido deu uma sociedade mais equitativa e próspera, prevê, para o setor da construção, a iniciativa ‘Vaga de Renovação’.
A Vaga de Renovação
Apresentada pela Comissão Europeia no passado mês de setembro, esta iniciativa inclui um conjunto coordenado de ações com o objetivo de duplicar a taxa de renovação de edifícios nos próximos 10 anos e conduzir a uma maior eficiência na utilização da energia e de recursos. Conta-se que possam vir a ser renovados cerca de 235 milhões de edifícios e criados até 160 mil novos empregos verdes no sector da construção.
É neste âmbito que surge o ‘Novo Bauhaus Europeu’ (‘New European Bauhaus’), um projeto de natureza interdisciplinar, ambiental, económica e cultural, cujo lançamento foi anunciado no passado dia 14 de outubro, pela Presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.
O Novo Bauhaus Europeu
Inspirado no movimento Bauhaus, uma das mais influentes escolas de arquitetura e design, fundada por Walter Gropius, na Alemanha, em 1919, espera-se que o Novo Bauhaus Europeu possa fazer a ponte entre os mundos da ciência, da tecnologia, da arte e da cultura e gerar uma nova estética para a transformação ecológica com o contributo de peritos destas diferentes áreas. Uma “nova estética europeia” com uma dimensão artística forte e centrada nas pessoas, que alie o bom design e a sustentabilidade.
Este projeto estrutura-se em três fases: o ‘desenho’, a ‘entrega’ e a ‘disseminação’.
Assim, a Comissão conduzirá inicialmente um processo participativo de cocriação para conceber o projeto, que decorrerá até ao verão de 2021.Seguir-se-á,a partir do segundo semestre de 2021, a fase de ‘entrega’, constando da consolidação da iniciativa e da criação de umarede de cinco “espaços Bauhaus fundadores”, projetos situados em diferentes Estados Membros daUE e que deverão integrar-se no contexto local, no que toca a aspetos como os materiais naturais, a eficiência energética, a demografia ou a inovação digital. Finalmente, em 2023, irá arrancar fase de ‘disseminação’, durante a qual os projetos da rede Bauhaus serão divulgados internacionalmente. Serão ainda constituídas plataformas e um hubde conhecimento que contará com o envolvimento de partes interessadas e cidadãos.
Espera-se que o Novo Bauhaus Europeu possa desencadear uma transformação positiva das nossas cidades e do nosso ambiente construído, permitindo tornar acessíveis a todos espaços urbanos e edifícios que conciliem as dimensões artística, cultural, económica e ambiental.
Aceda a mais informação sobre o Novo Bauhaus Europeu aqui.
