As cidades enfrentam desafios crescentes na luta contra as alterações climáticas, com os atuais esforços urbanos a revelarem-se insuficientes para responder à gravidade da crise climática. Esta é uma das principais conclusões do Relatório Mundial das Cidades 2024, recentemente apresentado pelas Nações Unidas, UN-Habitat, durante o Fórum Urbano Mundial 2024, que decorreu nos dias 4 a 8 de novembro, no Egito. O relatório sublinha a importância de uma estratégia climática urbana mais ampla, alinhada com objetivos de desenvolvimento sustentável, como a melhoria dos serviços públicos, a redução da pobreza e a promoção da saúde.
O relatório da UN-Habitat destaca a necessidade de as cidades avançarem com urgência para a meta de emissões líquidas zero e reforçarem a sua resiliência perante fenómenos climáticos extremos, alertando que as zonas urbanas estão sob uma 'ameaça crítica'. No entanto, chama também a atenção para os riscos de exclusão social associados a algumas intervenções, como a 'gentrificação verde', que pode prejudicar comunidades vulneráveis. A implementação de infraestruturas de proteção pode, inadvertidamente, aumentar a exposição de famílias com baixos rendimentos, ao deslocá-las para áreas mais suscetíveis a desastres.
Com uma previsão de aumento adicional de 0,5 graus Celsius nas temperaturas urbanas até 2040 para mais de 2 mil milhões de habitantes, o relatório da UN-Habitat alerta para o défice significativo de financiamento. Estima-se que as cidades necessitem de 4,5 a 5,4 biliões de dólares anuais para construir sistemas resilientes, mas o investimento atual ronda apenas os 831 mil milhões de dólares, um montante muito inferior ao necessário. Este défice deixa as populações urbanas, especialmente as mais vulneráveis, numa posição de risco crescente.
O relatório aponta ainda para o aumento exponencial da exposição das cidades a cheias e inundações, sobretudo nas zonas costeiras, que registaram um crescimento de 3,5 vezes desde 1975, em comparação com as áreas rurais. A diminuição dos espaços verdes urbanos – que passaram de 19,5% em 1990 para 13,9% em 2020 a nível global – é outro fator de preocupação.
Conheça o Relatório Mundial das Cidades 2024 na íntegra e saiba mais sobre as recomendações e dados apresentados na página oficial da UN-Habitat.